Cadeirantes não conseguem vans da Prefeitura e recorrem a transporte público sem acessibilidade

Por Flávia Cintra, SP1 – G1

Apesar das atualizações, nem todas os serviços de transporte público de São Paulo são acessíveis para cadeirantes. A SPTrans possui uma frota de vans para deficientes físicos, o Atende, que deveria ajudar na circulação desse público. No entanto, muita gente que precisa não consegue vaga no serviço.

A Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) reconheceu que não consegue cumprir o termo de ajustamento de conduta (TAC) firmado com o Ministério Público para tornar as estações acessíveis, nem oferecer van para os deficientes, solução prevista no acordo em caso de atraso nas obras.

Quem não consegue vaga no Atende e depende da CPTM tem dificuldade no trajeto ao passar por estações que ainda não foram adaptadas.

Burocracia para conseguir o Atende

Pessoas com autismo, surdo-cegueira ou deficiência física severa têm direito a essa modalidade de transporte feita por vans adaptadas duas vezes ao dia. A pessoa com deficiência precisa levar uma ficha preenchida por um médio até um posto de atendimento da SPTrans, junto com cópias dos documentos e a programação de viagens requerida. Se a papelada for aceita, a SPTrans manda uma carta com os detalhes do transporte.

A SPTrans, que é subordinada à Secretaria Municipal de Mobilidade e Transportes, afirma que o processo de seleção é necessário para verificar se o perfil do usuário se encaixa no serviço.

Trajeto sem acessibilidade

A Rafaela da Silva Pontes, mãe dos gêmeos Artur e Murilo, enfrenta dificuldade para levar os filhos cadeirantes de onde moram, em Pirituba, na Zona Oeste, até a AACD, na Vila Mariana, onde eles fazem tratamento. Sem acesso ao Atende, ela recorre ao transporte público, mas precisa passar por estações que não são adaptadas para cadeirantes.

O caminho até o ponto de ônibus é feito pelo meio da rua, já que a calçada não é nivelada. Para subir no micro ônibus os gêmeos precisam ser carregados. Quando chegam na estação Pirituba da Linha 7-Rubi da CPTM eles novamente precisam ser transportados por funcionários, já que não há escadas rolantes ou elevadores.

Uma vez na plataforma, Rafaela precisa esperar até cinco trens lotados para conseguir entrar com as cadeiras de rodas dos filhos na composição. Ao chegar na estação da Luz, da CPTM, só uma das plataformas tem elevador. Por isso, os pais carregam os gêmeos pela escada rolante, situação que oferece riscos. No metrô, os acessos funcionam até a chegada, na estação AACD-Servidos, da Linha 5-Lilás. Ao todo a viagem leva mais de três horas.

“Você tem que contar com a colaboração das outras pessoas porque não é acessível”, diz Rafaela. “Tem dia que dá uma tristeza por não poder dar o melhor pros meus filhos.”

Depois de duas solicitações diferentes e dois meses de espera, Rafaela finalmente conseguiu uma vaga no Atende para os filhos nesta semana.

https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2019/07/17/anda-sp-cadeirantes-nao-conseguem-vans-da-prefeitura-e-recorrem-a-transporte-publico-sem-acessibilidade.ghtml

 

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