Brasileiro cria Tecnologia de ondas cerebrais
Violinista que sofreu acidente há 30 anos volta a tocar com tecnologia criada por brasileiro
3 setembro 2017
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Direito de imagemVOLVO/SKY ATLANTIC
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Rosemary Johnson usa touca com eletrodos para selecionar notas usando os olhos
Uma violinista que perdeu os movimentos após um acidente de carro há 30 anos voltou a “tocar” usando uma tecnologia envolvendo ondas cerebrais.
À frente dela está o brasileiro Eduardo Miranda, professor na Universidade de Plymouth, na Inglaterra, que se dedica há anos a pesquisas que combinam música, computação e biologia de forma a possibilitar que pessoas com deficiências possam se expressar musicalmente.
Rosemary Johnson não consegue mais se mover ou falar, mas usando sensores acoplados à sua cabeça conseguiu selecionar notas exibidas em uma tela – que foram, tocadas, então, em tempo real, por uma antiga colega, a violinista Alison Balfour-Paul.
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A perfomance, ao lado de uma orquestra, foi documentada em um curta metragem.
“Na primeira vez que fizemos um teste com a Rosemary, fomos às lágrimas. Podíamos sentir a alegria vindo dela”, lembrou o brasileiro, que também é compositor de música clássica contemporânea.
“Quando vi Rosie pela primeira vez, algo estalou. É muito interessante trabalhar com ela. Uma vez que ela é uma musicista clássica, não preciso perguntá-la muitas coisas. Por meio da tecnologia, estamos quase instantâneamente trabalhando no domínio da comunicação musical”.
“Trabalhar com ela está nos ajudando a desenvolver e formatar esta tecnologia. É uma mistura maravilhosa entre ciência e criatividade”, diz Eduardo Miranda.
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‘Podíamos sentir a alegria vindo dela’, lembra o professor brasileiro Eduardo Miranda | Foto: Divulgação/ Plymouth University
Acidente a caminho de apresentação
Uma instrumentista clássica promissora, Johnson tinha 22 anos e era a quarta violinista da Ópera Nacional de Gales em 1988 quando sofreu um acidente de carro, a caminho de um concerto.
Ela estava na orquestra havia apenas nove meses quando se acidentou.
Balfour-Paul, que vive em Cardiff, capital do País de Gales, foi contatada há seis semanas por uma amiga em comum, que manteve contato com Johnson. Até então, a equipe não havia encontrado uma pessoa que pudesse tocar com ela. Balfour-Paul permaneceu na Ópera Nacional de Gales após o acidente da violinista e agora trabalha como instrumentista autônoma.
“Aceitei porque fui colega de Rosie há 29 anos. Ela era uma musicista amável, com tudo indo a seu favor. Mas se envolveu neste terrível acidente, que danificou gravemente o seu cérebro”, conta Balfour-Paul.
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Alison Balfour-Paul foi colega de Johnson
Tecnologia em desenvolvimento
Segundo Eduardo Miranda, a tecnologia, cujo desenvolvimento tem parceria do Hospital Real para Deficiências Neurológicas em Londres, vem sendo estudada desde 2003 com uma equipe de engenheiros e profissionais da área da saúde.
“A ideia surgiu quando eu li uma notícia que cientistas estavam desenvolvendo métodos para controlar máquinas usando sinais elétricos cerebrais, chamados eletroencefalogramas. Eu achei a ideia fascinante e comecei a investigar a possibilidade de usar esse tipo de tecnologia para criar instrumentos musicais eletrônicos”, lembra o brasileiro.
“No início, minha intenção era de desenvolver uma especie de estetoscópio cerebral para escutar e gravar os sinais elétricos do meu cérebro”.
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Aí Miranda conheceu Wendy Magee, uma médica australiana que trabalha com terapia musical para pacientes severamente paralisados, e resolveu focar o projeto em pessoas nessa situação. Agora, o professor conta que a tecnologia ainda tem um longo caminho de aperfeiçoamento pela frente e deve chegar ao Brasil.
“Estou em contato com algumas instituições brasileiras para ver se podemos mostrar o trabalho no país no ano que vem. Mas, o trabalho não está pronto ainda para ser usado mais amplamente. Tem muito a ser feito para resolver varios problemas técnicos e práticos”, disse o brasileiro, que afirma depender da disponibilidade de colaboradores e de financiamento para seguir em frente com a tecnologia.