Caio Nascimento – O Estado de S. Paulo
No Dia Mundial do Doador de Sangue, celebrado nesta sexta-feira, 14, as ferramentas do Facebook Find Blood Donors (Encontre doadores de sangue) e Donate Blood (Doe sangue) somam mais de sete milhões de brasileiros cadastrados. Os recursos, lançados há pouco mais de um ano, enviam notificações para o usuário avisando quando bancos de sangue próximos precisam de ajuda.
O projeto conta com a parceria de dez hemocentros ao redor do Brasil em todas as regiões do País. São eles: HemoCe (Ceará), HemoPa (Pará), HemoSC (Santa Catarina), Fundação Hemocentro de Brasília, HemoRio (Rio de Janeiro), HemoMinas (Minas Gerais), HemoBa (Bahia), HemoAm (Amazonas), Pró-Sangue e Santa Casa (as duas últimas em São Paulo).Juntas, essas instituições abastecem mais de mil unidades de saúde.
De acordo com a gerente de produto do Facebook, Hema Budaraju, a iniciativa é importante diante da escassez de sangue em muitos hemocentros e da necessidade de sempre haver doadores para suprir os estoques.Na Fundação Pró-Sangue, por exemplo, os tipos sanguíneos O- e O+ estão quase sempre em estado crítico devido ao uso excessivo dos dois, pois são universais e nem sempre dá tempo de analisar o tipo sanguíneo do paciente numa urgência.”São os que mais saem e nunca conseguimos repor adequadamente”, explica a médica responsável pelo posto de coleta do Hospital das Clínicas (HC), Sandra Montebello. “Pouco tempo atrás, recebemos quatro acidentados graves da escola de Suzano. Como não tínhamos tempo para colher informações no momento, usamos o O-“, recorda.
Iniciativa que engaja
Atualmente, 1,6% da população é doadora de sangue frequente no Brasil. O percentual está acima do 1% recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), mas as autoridades federais pretendem aumentar essa taxa e torcem para as ferramentas do Facebook colaborarem. “Esperamos que este incentivo ajude a conscientizar a população e aumentar a fidelização de doadores regulares”, afirma o coordenador da área de Sangue e Hemoderivados do Ministério da Saúde, Flávio Vormittag.A iniciativa já tem surtido efeito: a cearense Ozamira da Costa é uma das pessoas que se cadastraram para começar a doar. “Eu sempre tive vontade de doar sangue, mas nunca tinha parado para fazer isso. Até que um dia, navegando no Facebook, apareceu uma mensagem que me perguntava se eu queria me cadastrar como doadora”, recorda. A partir daí, a internauta procurou o HemoCe e cedeu o material pela primeira vez em sua vida.Roberto Firmino, da capital paulista, também aderiu à causa. Ele se declarou doador na rede social em meados de 2018 e dedicou um sábado de agosto para ir ao posto de coleta do HC, após receber notificações da plataforma. Recentemente, o homem, de 28 anos, sensibilizou-se com o atentado na escola de Suzano e voltou à unidade para ajudar nas transfusões sanguíneas das vítimas. Acesse aqui o recurso Donate Blood para se cadastrar.
‘Junho Vermelho’ em São Paulo
Os hemocentros estão divulgando no Facebook suas ações para dar destaque ao Dia Mundial do Doador de Sangue e sensibilizar as pessoas sobre o ato de bondade. A Pró-Sangue aderiu ao Junho Vermelho, que dá visibilidade para doação durante todo mês, e desenvolveu três intervenções urbanas para incentivar o ato:
1) Diversas instituições públicas e privadas de São Paulo serão iluminadas com a cor vermelha, com base no movimento Eu Dou Sangue;
2) Em parceria com a Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp), 377 painéis em estradas estarão com a mensagem “Seja gentil. Doe sangue. Ajude o próximo! @prosangue”;
3) Mensagens serão publicadas em relógios de rua da capital paulista instalados próximos aos pontos de coleta;O hemocentro da Santa Casa de São Paulo também aderiu ao Junho Vermelho com mensagens que ressaltam a importância da doação em todos os meses do ano. Esse destaque é importante na medida em que cada parte do sangue tem uma validade diferente.
Os glóbulos vermelhos duram 35 dias, as plaquetas valem por cinco dias e o plasma pode ser conservado por até um ano. Portanto, não basta ir várias pessoas no mesmo dia, ou apenas quando há urgência, e não voltarem mas, pois sempre deve haver material útil para ajudar pessoas.”Quando a coisa aperta, pedimos socorro e recebemos ajuda. Vem um pico enorme de doadores, o que é bom, mas muitos não têm o hábito de doar continuamente”, conta a médica Sandra Montebello, da Fundação Pró-Sangue.