Pesquisa aponta que devedores querem ser mais ouvidos
Ainda conforme levantamento, 84% dos inadimplentes acham que as marcas só se importam com os seus lucros
Para contornar a renda comprometida que afeta o pagamento das despesas diante da atual crise do país, os consumidores têm exigido atenção maior na hora de negociar seus compromissos pendentes. A pesquisa sobre o impacto das dívidas na vida dos brasileiros desenvolvida pelo serviço de cobrança digital Negocia Fácil em parceria com o Instituto Locomotiva aponta que 89% dos inadimplentes gostariam de ser mais ouvidos pelas empresas. O pedido vem num esforço de se chegar a um bom acordo.
Apesar de ser um pleito que aponta uma disposição em resolver de vez a situação de inadimplência, o levantamento mostra ainda uma grande insatisfação entre os devedores em relação aos credores. De acordo com a análise, 84% desse público acredita que as empresas não se importam realmente com os seus clientes, em meio ao empenho de fechar uma conciliação, mas somente com os seus lucros.
“Esse resultado em especial destaca que as pessoas em situação de inadimplência querem buscar alternativas para conseguir pagar as dívidas atrasadas. Por isso, querem conversar com as empresas. Mas a percepção dos consumidores é de não receberem os cuidados necessários pelos credores no momento da negociação”, avalia o head de Negócios Digitais do Negocia Fácil, José Moniz.
A pesquisa destaca ainda outros dados que comprovam essa tendência dos devedores de tentarem negociar os seus compromissos atrasados. Segundo o levantamento do Negocia Fácil/Instituto Locomotiva, 79% das pessoas em situação de inadimplência preferem pagar as dívidas diretamente para as empresas credoras, ao invés de negociar com suas terceirizadas. Desse universo, 51% optariam em firmar acordos via computador, via site do credor. Os 49% restantes gostariam de conversar com uma pessoa na tentativa de conciliação.
Além disso, o estudo ressalta que 73% dos inadimplentes analisados afirmam ter deixado de atender telefonemas de números desconhecidos porque temem ser uma cobrança via telemarketing. Entre os devedores homens, esse percentual aumenta para 76%. No caso das mulheres, o índice cai para 68%, salienta o levantamento.
“Essa tendência sugere que os consumidores se sentem constrangidos no momento da abordagem por meio do telemarketing. Muitos deixam de atender a ligação justamente para fugir dessa situação”, completa Moniz.
Sobre a pesquisa
Divulgada recentemente pelo Negocia Fácil e Instituto Locomotiva, a pesquisa foi realizada com objetivo de aprofundar o conhecimento sobre as características, expectativas e demandas dos brasileiros em situação de inadimplência. Foram entrevistadas 934 pessoas em todo o país, por meio de canais digitais. O levantamento traz diversos recortes, que abordam as causas e consequências, como a inadimplência afeta a vida das pessoas, as preferências no processo de cobrança e as perspectivas dos devedores.
Entre alguns desses dados, 57,9 milhões de brasileiros estão muito preocupados com dívidas em atraso. Essas preocupações assombram 9 em cada 10 devedores e quanto menor a renda, maior é a preocupação – 84% das pessoas de classe AB se preocupam muito com as dívidas, enquanto 94% das pessoas da classe C e 98% das classes DE têm a mesma preocupação.
O estudo mostra ainda que 54,8 milhões de brasileiros têm o sono afetado, 54,1 milhões de brasileiros têm a sua autoestima afetada, 53,5 milhões de brasileiros têm o seu rendimento profissional afetado e 45,3 milhões de brasileiros têm o apetite afetado.