Mulheres têm ambição?
Por Lu Magalhães
Acredito que todas as mulheres já devem ter ouvido que não somos tão ambiciosas quantos os homens. Essa afirmação sempre me incomodou porque desafia a lógica. A dupla jornada a qual nos submetemos não significa ambição? A dedicação e investimento em educação significa que somos menos dispostas à competitividade? Felizmente uma pesquisa começa a desmascarar essas premissas preconceituosas e sexistas. A consultoria The Boston Consulting Group (BCG)entrevistou 6.500 profissionais de 14 países para um mapeamento sobre a temática. A análise aponta que depois de casadas e com filhos, as mulheres continuam desenvolvendo a carreira, embora executem 2,6 vezes mais tarefas domésticas do que os homens. Ou seja, o desafio cotidiano aumenta, mas não diminui a garra feminina.
Essa obstinação feminina em quebrar esses estereótipos tem milhões de faces inspiradoras. Uma delas é da Tenente da Polícia Militar Mayara Mieko Tanaka – a primeira mulher a se tornar comandante de aeronaves da corporação. Ela assumiu o comando, nesse ano, dos helicópteros Águia. Será que ainda vão comentar que ela não tem ambição profissional? Insisto nesse ponto, porque de tanto ouvir esse tipo de afirmação, muitas mulheres tendem a acreditar ou achar que há um fundo de verdade.
O descrédito da capacidade feminina não é uma novidade para as mulheres. Aliás, esse é um tema recorrente há séculos – como mostra um livro publicado no Brasil pela Primavera Editorial. Wonder Women, de Sam Maggs, traz 25 histórias de mulheres brilhantes, inteligentes e totalmente disruptivas; mulheres que quebraram barreiras, tornando-se cientistas, engenheiras, matemáticas, aventureiras e inventoras ao longo da História da humanidade. Por meio dessas histórias empolgantes e de uma extensa bibliografia, a autora constrói um guia para mostrar as muitas maneiras pelas quais as garotas contemporâneas podem ajudar a construir um futuro brilhante.
Um outro exemplo de mulheres que estão desafiando o senso comum sobre ambição feminina é o Brilhe na sua praia. Na obra, as jovens Yomi Adegoke e Elizabeth Uviebinené assumiram o desafio de entrevistar 39 das mais pioneiras mulheres negras na Grã-Bretanha para contar o curso de desenvolvimento pessoal de cada uma delas. Da educação ao namoro, o livro inspira ao trazer relatos honestos que celebram os avanços das mulheres negras. Ao mesmo tempo, traz conselhos práticos para as mulheres que querem fazer o mesmo e criar um futuro melhor e visível. Então, quando você ouvir que as mulheres não são ambiciosas… não acredite!
Lu Magalhães é presidente da Primavera Editorial, sócia do PublishNews e do #coisadelivreiro. Graduada em Matemática pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), possui mestrado em Administração (MBA) pela Universidade de São Paulo (USP) e especialização em Desenvolvimento Organizacional pela Wharton School (Universidade da Pennsylvania, Estados Unidos). A executiva atua no mercado editorial nacional e internacional há mais de 20 anos.