Chatbot ajuda a enfrentar discriminação contra crianças e adolescentes venezuelanos no Brasil
Fonte: ONU Brasil
Na semana em que se comemora o Dia da Internet Segura (11), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), em parceria com a empresa de tecnologia e engajamento digital Talk2U, lança o Projeto Fronteiras, uma experiência interativa virtual que combina ficção e realidade para ajudar a enfrentar a discriminação contra migrantes venezuelanos no Brasil.
Por meio do Messenger do Facebook, os usuários podem conversar por pelo menos duas horas com o chatbot Adriana Carolina Hurtado (https://www.facebook.com/ProjetoFronteiras/). A personagem fictícia é uma adolescente venezuelana de 16 anos que chegou ao Brasil há dois.
A narrativa multimídia é contada por meio de mensagens de texto, de áudio, fotos e vídeos, enviados via Messenger. Adriana também usa a plataforma do Instagram (https://www.instagram.com/adriana.carolina.hurtado/) para mostrar tudo o que registrou no caminho até o Brasil e os desafios que vem enfrentando no país.
Entre o português e o espanhol, a adolescente relata ao internauta a jornada de quase 1,5 mil quilômetros, de Maracay, cidade no norte da Venezuela, rumo ao Brasil. Adriana explica que viajou com seu irmão mais velho, Camilo, que adoeceu ainda na Venezuela.
Os dois viajaram sozinhos, seus pais continuam na terra natal, vivendo em uma situação difícil. E a menina segue determinada em ajudar a família. O relato é repleto de histórias de discriminação e solidariedade, com destaque para Dona Marizete, brasileira que apoiou Adriana quando chegou ao país.
Baseado em situações reais
Para a construção do roteiro da história, foram entrevistados migrantes venezuelanos nas cidades de Pacaraima (na fronteira com a Venezuela), Boa Vista e São Paulo.
O objetivo foi entender os desafios enfrentados pela população migrante, tanto no trajeto até o Brasil, quanto no processo de integração e adaptação no país de acolhida.
“A história de Adriana reúne a de muitas crianças e muitos adolescentes venezuelanos que deixam diariamente o seu país em busca de uma vida melhor, muitos deles desacompanhados ou separados de seus pais”, explica a representante do UNICEF no Brasil, Florence Bauer.
Também foram realizadas entrevistas com brasileiros nas ruas das três cidades para entender a percepção sobre a chegada dos migrantes. Foram ouvidos especialistas diretamente envolvidos em estudos sobre fluxos migratórios, xenofobia e discriminação.
“É muito importante que a comunidade de acolhida esteja fortalecida para facilitar o processo de integração dos migrantes e garantir os seus direitos”, completa Florence. É este o objetivo do Projeto Fronteiras: aproximar brasileiros e venezuelanos, e gerar empatia.
“Por meio de uma conversa direta e em um contexto de intimidade, fazemos com que a audiência perceba o problema social em questão, encorajando uma mudança de hábito ou comportamento”, diz Nicolas Ferrario, sócio fundador da Talk2U, responsável pelo desenvolvimento do Projeto Fronteiras.
“Conversar com um migrante nos permite conhecer a sua realidade, desmistificar ideias falsas e gerar empatia em relação àqueles que foram forçados a deixar o seu local de nascimento.”
No contexto do Dia da Internet Segura, celebrado em todo o mundo nesta terça-feira (11), o Projeto Fronteiras busca promover o engajamento online por meio do uso seguro da internet para adolescentes e jovens.
Crise migratória
Cerca de 4,7 milhões de venezuelanos já deixaram o seu país, no que se tornou uma das maiores crises migratórias do mundo. No Brasil, já são mais de 220 mil solicitações de refúgio e residência, dos quais estima-se que 30% sejam crianças e adolescentes.
Além de as crianças que chegam com seus pais ou outros familiares, a cada mês, mais de 400 meninos e meninas entram no país desacompanhados. As organizações envolvidas com a crise migratória estimam que o número de venezuelanos no Brasil vai chegar a 344 mil até o final de 2020, entre eles, cerca de 100 mil crianças e adolescentes.