Dia Mundial de Conscientização do Autismo: como lidar com o autismo durante o isolamento social
Por Janaína Spolidorio
O isolamento devido à pandemia que estamos vivendo é algo atípico e que requer mudança de rotina familiar para muitos de nós.
Quando, contudo, temos situações também atípicas dentro de nossas casas, como uma criança com necessidades diferenciadas, pode se tornar um pouco mais difícil – ou quem sabe até mais fácil – entrar em uma rotina diferente, muitas vezes incluindo os estudos escolares ou atividades de terapia.
Um desses casos são as crianças com TEA (Transtorno do Espectro Autista). Embora tenha níveis diferentes, duas características principais que elas têm em comum, seja em graus maiores ou menores, é o fato de que possuem dificuldades na interação social e padrões repetitivos/ interesses exagerados por um assunto / “manias”.
Há autistas que possuem sim a comunicação, porém nem sempre conseguem ajustá-la às situações e outros que possuem sérios comprometimentos, inclusive na fala.
Lidar com todas essas questões para compreender a criança não é uma tarefa fácil, acessar o universo da criança pode ser um desafio. Imagine tudo isso somado ao isolamento que, de qualquer forma, irá mexer com a rotina com a qual a criança estava acostumada.
De início, a paciência na implementação da nova rotina, a de isolamento, é a melhor opção. Os autistas funcionam sim melhor com rotinas, porque são previsíveis. Desta forma, como será preciso alterar, muitos irão estranhar e ser até bem inflexíveis nesta mudança.
Com a paciência no começo, contudo, dos pais manterem a nova rotina durante dois ou três dias, mesmo com possíveis desequilíbrios da criança, em pouco tempo o autista irá se adequar à nova rotina e ficar mais tranquilo.
A necessidade de previsibilidade nas rotinas é algo comum para os autistas porque eles possuem um alto nível de pensamento, de abstração, que dificilmente são percebidos por outras pessoas. Quando eles estão em uma rotina, podem se dedicar a esses pensamentos e, portanto, com comportamento mais calmo.
Quanto às terapias, caso o autista faça horários com especialistas, alguns deles poderão manter um atendimento remoto, contudo se não for esta uma possibilidade, você pode observar com atenção os comportamentos novos que a criança irá ter durante a mudança e fazer anotações sobre eles, assim como possíveis dúvidas da nova rotina. Marque uma vez na semana para recorrer ao terapeuta, que pode lhe orientar em relação a algumas ações, inclusive, que estavam sendo realizadas no consultório e talvez possam ter uma certa continuidade em casa.
Se a criança estive absorta, ou seja, extremamente concentrada em uma tarefa ou em um ponto de interesse, procure não interromper. Muitas vezes, é exatamente quando o autista está nestes momentos que acontecem os desequilíbrios emocionais. Isso, porque provavelmente ele estava em meio a algum pensamento importante para ele e foi interrompido bruscamente. Basta aguardar ele se desprender do que estava prestando atenção e fazer o que você precisa que ele faça em seguida.
O autista tem facilidade com isolamento em si, mas o lidar com as mesmas pessoas mais tempo e a mudança de rotina é que pode causar alguns transtornos no princípio. Por isso estar atento a tudo é essencial. Isso, sem contar, que é preciso estimular um pouco seu lado social!
Claro que cada um tem suas particularidades, porque tanto as características do transtorno são próprias de cada criança quanto sua personalidade. Cabe à família notar as necessidades de permanência ou mudança de rotina ou dinâmica familiar de acordo com elas.
Especialista em educação, Janaína Spolidorio é formada em Letras, com pós-graduação em consciência fonológica e tecnologias aplicadas à educação e MBA em Marketing Digital. Ela atua no segmento educacional há mais de 20 anos e atualmente desenvolve materiais pedagógicos digitais que complementam o ensino dos professores em sala de aula, proporcionando uma melhor aprendizagem por parte dos alunos e atua como influenciadora digital na formação dos profissionais ligados à área de educação.