Defesa cibernética deve envolver todos os setores da sociedade, avaliam especialistas

Para o fundador e CEO da Apura, por exemplo, o compartilhamento de informações sobre ameaças precisa de prática constante.

Empresas e poder público no Brasil têm intensificado esforços e investimentos em busca de proteção e segurança na internet. O tema, além de requerer política pública específica, precisa envolver outros setores da sociedade também. Essa é a avaliação de especialistas que participaram na tarde desta segunda-feira, dia 18, do debate virtual “Defesa Cibernética”, promovido pelo Instituto de Estudos Jurídicos Aplicados (Ieja).

O encontro contou com as contribuições do fundador e CEO da Apura Cybersecurity Intelligence, Sandro Süffert, empresa brasileira que é referência mundial na área; do general Guido Amin, comandante de Defesa Cibernética (do Ministério da Defesa); do professor César Marcondes, do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), e do senador por Santa Catarina Esperidião Amin. O consultor legislativo do Senado e diretor do Instituto de Estudos Jurídicos Aplicados (Ieja), Tarcísio Dal Maso, foi o mediador.

Para Sandro Süffert, faz-se necessário entendimento geral de que a segurança cibernética não é uma atividade fim, mas sim área meio de qualquer tipo de atividade. É, pois, um tema transversal, “que deve ser preocupação de todas as áreas da sociedade”, conforme assinalou o especialista.

Nesse sentido, além do desenvolvimento de sistemas feitos por empresas brasileiras, tem sido importante também a atuação da academia brasileira. “Os estudos, os sistemas feitos por universidades brasileiras têm sido fundamentais”, frisou o CEO da Apura.

NA ESCOLA

O general Guido Amin, comandante de Defesa Cibernética, do Ministério da Defesa, ressaltou que a defesa cibernética deve ser discutida desde cedo, nas escolas. “É preciso que a preocupação com a proteção na internet esteja na mentalidade de todos, em nível individual e coletivo”, salientou o representante do governo.

Assim, do uso do telefone pessoal aos mais complexos sistemas de informação, todos devem estar aptos a identificar cuidados necessários. “É um desafio para a nação”, ilustrou o general.

SOBERANIA

O senador Esperidião Amin, que, como integrante da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado foi relator de um documento que aponta diagnósticos e proposições sobre segurança cibernética no Brasil (encaminhado no final do ano passado ao governo federal), alertou para a importância da soberania do país no controle de sistemas de segurança cibernética. Lembrando de diagnósticos trazidos pelo documento que a comissão do Senado elaborou, o parlamentar citou o fato de que a certificação-raiz das autoridades certificadoras do sistema financeiro brasileiro está sob controle de instituições norte-americanas.

Esperidião Amin sublinhou ser fundamental tratar segurança ou defesa cibernética como política pública, e recomendou o máximo possível de divulgação do relatório que a comissão do Senado produziu, fruto de um trabalho de meses de estudos e audiências públicas sobre o assunto.

Na avaliação do professor César Marcondes, do ITA, a atuação da ciência é imprescindível. “A academia deve trabalhar em conjunto com outros setores”, frisou, acrescentando que as pesquisas contribuem para um “olhar futuro” sobre o tema defesa cibernética.

Em sua explanação final, o CEO da Apura salientou o intercâmbio de conhecimentos como fundamental para o enfrentamento de ameças na internet. “A área financeira tem grupos de detecção e proteção, assim como setores estratégicos como energia, telecomunicação. É importante haver o compartilhamento de informações sobre ameaças cibernéticas relevantes. Isso traz entendimento da realidade. Há maturidade em defesa cibernética, só que ainda é setorial, e precisa ser intersetorial”, considerou.

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